17 de mai. de 2016

AUDIÊNCIA PÚBLICA DEBATE INSTALAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS EM CURAÇÁ

O município de Curaçá é um dos mais visados pelos empreendimentos econômicos que muito exploram os recursos naturais, principalmente a Caatinga. São mineradoras, barragens e agora os parques eólicos são mais uma preocupação para as comunidades que vivem de forma sustentável nas áreas de Fundo de Pasto no município.

Para debater especificamente a possível instalação de um parque gerador de energia eólica, produzida a partir da força do vento, nas localidades de Serra da Borracha e Serra da Cana Brava, aconteceu nessa segunda (16), na Câmara Municipal de Curaçá, uma Audiência Pública que contou com a participação de várias organizações e entidades ligadas à questão da preservação da Caatinga e do meio ambiente como um todo.

A audiência foi proposta pelo vereador Januário Ferreira que se mostrou preocupado com a instalação das torres de energia nessas localidades que possuem uma rica biodiversidade de plantas e animais, onde as famílias do entorno vivem basicamente da criação de cabras e do extrativismo do umbu, meios de produção que podem ser severamente afetados com a presença do parque eólico.



A mesma preocupação foi manifestada pelo dirigente sindical, Josivaldo Martins, que lembrou dos estragos feitos pelas mineradoras em todas as regiões e distritos de Curaçá. Josivaldo chamou a atenção para a forma de contrato que as empresas de energia eólicas estão propondo às famílias que permitirem a instalação das torres em suas propriedades, onde, se houver uma quebra de contrato, essas famílias têm de pagar uma multa de 5 milhões de reais por cada torre instalada.

Uma das exposições que mais chamou a atenção nesta audiência foi a do assessor jurídico da Câmara de Curaçá, Pablo Lopes, que reconheceu a importância das fontes de energia renováveis. Porém, as comunidades precisam estar participando de todo o processo e até gerindo os projetos de modo que não comprometam seus modos de produção sustentável.

O vigário de Curaçá, padre João Sena, lembrou que os interesses do dinheiro não podem estar acima dos recursos naturais tão importantes para a vida das pessoas, e que todos precisam refletir sobre as vantagens imediatas prometidas nas comunidades e que deixam um estrago que permanece para sempre.

A Audiência contou com uma boa participação de lideranças populares e membros das comunidades rurais, de vereadores do município, Instituto Mata Branca, Inema, Irpaa, Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintrafer), Paróquia de Curaçá, Conselho Municipal do Meio Ambiente e da comunidade. No final do evento, ficou definido a realização de outros momentos que possam deliberar um posicionamento do município com relação às ameaças que esses tipos de empreendimentos vêm provocando na vida e no modo de produção tradicional e sustentável dessas comunidades afetadas.
Regiões já degradadas

Tanto a Serra da Borracha como a de Cana Brava, na região de Patamuté, há anos vêm sendo devastadas por atividades econômicas como caça predatória e extração da madeira, por exemplo, isso sem falar das reais ameaças das empresas de mineração que já estão se instalando naquela região. Uma preocupação fortemente colocada pelo vereador Teodomiro Mendes, que ao mesmo tempo, denunciou a falta de fiscalização dos órgãos ambientais, mesmo mediantes inúmeras denuncias feitas pelo próprio vereador.

Com informações do IRPAA


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