O município de Curaçá é um
dos mais visados pelos empreendimentos econômicos que muito exploram os
recursos naturais, principalmente a Caatinga. São mineradoras, barragens e
agora os parques eólicos são mais uma preocupação para as comunidades que vivem
de forma sustentável nas áreas de Fundo de Pasto no município.
Para debater especificamente a
possível instalação de um parque gerador de energia eólica, produzida a partir
da força do vento, nas localidades de Serra da Borracha e Serra da Cana Brava,
aconteceu nessa segunda (16), na Câmara Municipal de Curaçá, uma Audiência
Pública que contou com a participação de várias organizações e entidades
ligadas à questão da preservação da Caatinga e do meio ambiente como um todo.
A audiência foi proposta pelo
vereador Januário Ferreira que se mostrou preocupado com a instalação das
torres de energia nessas localidades que possuem uma rica biodiversidade de
plantas e animais, onde as famílias do entorno vivem basicamente da criação de
cabras e do extrativismo do umbu, meios de produção que podem ser severamente
afetados com a presença do parque eólico.
A
mesma preocupação foi manifestada pelo dirigente sindical, Josivaldo Martins,
que lembrou dos estragos feitos pelas mineradoras em todas as regiões e
distritos de Curaçá. Josivaldo chamou a atenção para a forma de contrato que as
empresas de energia eólicas estão propondo às famílias que permitirem a
instalação das torres em suas propriedades, onde, se houver uma quebra de
contrato, essas famílias têm de pagar uma multa de 5 milhões de reais por cada
torre instalada.
Uma das exposições que mais
chamou a atenção nesta audiência foi a do assessor jurídico da Câmara de
Curaçá, Pablo Lopes, que reconheceu a importância das fontes de energia
renováveis. Porém, as comunidades precisam estar participando de todo o
processo e até gerindo os projetos de modo que não comprometam seus modos de
produção sustentável.
O vigário de Curaçá, padre João
Sena, lembrou que os interesses do dinheiro não podem estar acima dos recursos
naturais tão importantes para a vida das pessoas, e que todos precisam refletir
sobre as vantagens imediatas prometidas nas comunidades e que deixam um estrago
que permanece para sempre.
A Audiência contou com uma boa
participação de lideranças populares e membros das comunidades rurais, de
vereadores do município, Instituto Mata Branca, Inema, Irpaa, Sindicato dos
Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintrafer), Paróquia de Curaçá, Conselho
Municipal do Meio Ambiente e da comunidade. No final do evento, ficou definido
a realização de outros momentos que possam deliberar um posicionamento do
município com relação às ameaças que esses tipos de empreendimentos vêm
provocando na vida e no modo de produção tradicional e sustentável dessas
comunidades afetadas.
Regiões já degradadas
Tanto a Serra da Borracha como a
de Cana Brava, na região de Patamuté, há anos vêm sendo devastadas por
atividades econômicas como caça predatória e extração da madeira, por exemplo,
isso sem falar das reais ameaças das empresas de mineração que já estão se
instalando naquela região. Uma preocupação fortemente colocada pelo vereador
Teodomiro Mendes, que ao mesmo tempo, denunciou a falta de fiscalização dos
órgãos ambientais, mesmo mediantes inúmeras denuncias feitas pelo próprio
vereador.
Com informações do IRPAA
Nenhum comentário:
Postar um comentário